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aula 07

Tecidos e estruturas de secreção

Nas plantas, o termo secreção é empregado para abranger os processos de secreção e excreção. A secreção é a eliminação de substâncias que participam ainda de outros processos metabólicos, como enzimas e hormônios, ao passo que a excreção é a eliminação de produtos do metabolismo, que não mais serão utilizadas pelas plantas, como terpenos, resinas, taninos e vários cristais. Contudo, normalmente não se estabelece uma linha nítida entre secreção e excreção nas plantas e os mesmos locais podem, usualmente, acumular uma variedade de substâncias, algumas sendo produtos de eliminação e outras que são novamente utilizadas. Neste capítulo, o termo secreção será utilizado de maneira ampla: as estruturas secretoras serão divididas em externas e internas, dependendo se a substância secretada for eliminada para o ambiente ou for mantida no interior da estrutura secretora, ou do vegetal. Dessa forma, espera-se que você possa, ao estudar este capítulo, reconhecer e entender os principais tipos de estruturas secretoras que ocorrem nas plantas.

Estruturas secretoras externas

Tricomas glandulares

Os tricomas ou pelos glandulares apresentam, em geral, uma ou mais células que são secretoras e podem estar apoiadas em uma ou mais células que ligam a parte secretora à epiderme, funcionando como um pedúnculo. Ocorrem também pelos secretores, cuja base é secretora, ficando a região apical com a função de eliminar a secreção. A secreção eliminada pode acumular-se, primeiramente, entre a parede celular do tricoma e a cutícula, como se observa na folha de alecrim. Em seguida, a cutícula se rompe e elimina a substância secretada para o ambiente.

Coléteres

São um tipo de tricoma glandular que se desenvolve nos primórdios das folhas e produz uma secreção pegajosa que cobrindo toda a gema, proporciona um revestimento protetor à gema dormente.

Glândulas de sal

São tricomas que ocorrem em folhas de plantas que ocupam ambiente salino. Secretam sais inorgânicos, evitando o acúmulo nocivo de íons minerais nos tecidos de espécies halófitas, como a Laguncularia, que se desenvolve em mangues. Os íons são conduzidos das células do mesofilo até as células basais dos tricomas por meio de plasmodesmos e dessas células até as secretoras via simplasto.

Glândulas digestivas

São tricomas multicelulares e pedunculados que secretam enzimas digestivas. Ocorrem em plantas insetívoras, como Dionaea, Drosophyllum, Pinguicula e Nepenthes.

Nectários

São estruturas secretoras que secretam um líquido açucarado, o néctar. Podem ser classificados em nectários extraflorais (os que ocorrem em caules, folhas, estípulas ou pedicelos) e em nectários florais (os que ocorrem em sépalas, pétalas, estames, ovários ou no receptáculo). O tecido secretor do nectário pode estar na epiderme ou em camadas subepidérmicas, com células pequenas, paredes finas e citoplasma denso. A epiderme que reveste o nectário pode apresentar pelos tectores e estômatos inativos. O tecido vascular pode apresentar seu próprio feixe vascular, às vezes constituído apenas de floema – o que dá ao néctar um sabor açucarado. Já o predomínio de xilema no feixe vascular do nectário, além de diminuir o teor de açúcar, aproxima o nectário dos hidatódios, os quais são especializados em eliminação de água.

Hidatódios

São estruturas encontradas nas margens das folhas, responsáveis por secretar, por processo ativo (gutação), um líquido de composição variável – desde água pura até soluções diluídas de solutos orgânicos e inorgânicos na forma de íons (\(N{{H}^{+}},{{K}^{+}}\,\,e\,\,M{{g}^{+}}\), entre outros). São caracterizados pela presença de bainha do feixe aberta; elementos de condução exclusivamente xilemáticos; parênquima frouxo com células de paredes finas, destituídas de cloroplastídios; e presença de poros aquíferos, semelhantes a estômatos modificados.

Estruturas secretoras internas

Células secretoras

As células que acumulam substâncias aparentemente de eliminação são denominadas idioblastos (idios = peculiar; blasto = formação). Essas células se destacam por seu tamanho, formato e, principalmente, por seu conteúdo, e podem ocorrem em qualquer tecido. Os idioblastos podem secretar várias substâncias, como taninos, mucilagens, cristais, óleos essenciais e resinas, entre outras. As células secretoras que possuem conteúdos oleosos são comuns nas plantas pertencentes às famílias Calycanthaceae, Lauraceae, Magnoliaceae, Simarubaceae e Winteraceae, ocorrendo nos tecidos fundamental e vascular de folhas e caules. As células taniníferas são comuns nas famílias Crassulaceae, Ericaceae, Leguminosaea, Myrtaceae, Rosaceae e Cyperaceae, entre outras. O tanino é uma substância ergástica comum nas células parenquimáticas. Tais células formam, com frequência, sistemas conectados que podem estar associadas aos feixes vasculares. Os compostos tânicos das células taniníferas oxidam-se, resultando em flobafenos marrons ou marrom-avermelhados, facilmente perceptíveis ao microscópio óptico. Células cristalíferas são células que apresentam cristais. São comuns nos vegetais, como aquelas com drusas, ráfides e cistólitos, entre outras.

Cavidades e canais secretores

As cavidades e os canais secretores podem ter origem lisígena (através da dissolução de células) ou esquisógena (pela separação de células por conta da dissolução da lamela média), ou ainda pela combinação de ambos os processos. As cavidades ocorrem no tecido e os canais percorrem o tecido ou o órgão em certa extensão, podendo ser identificados em secção longitudinal. Cavidades lisígenas ocorrem, por exemplo, em folhas de Eucalyptus e Citrus. A secreção é formada por células que eventualmente se rompem, liberando substâncias na cavidade. Nesses gêneros mencionados, as secreções são geralmente oleosas. Os canais secretores esquisógenos mais conhecidos são os ductos gomíferos e resiníferos das coníferas e das eudicotiledôneas lenhosas. Nas coníferas, são chamados ductos resiníferos e são encontrados nos tecidos vascular e fundamental de todos os órgãos. São espaços intercelulares longos, forrados por células epiteliais produtoras de resina.

Laticíferos

São estruturas secretoras que secretam látex. Em termos estruturais, os laticíferos agrupam-se em duas categorias: não articulados ou simples e articulados ou compostos. Os laticíferos não articulados são formados por células isoladas que têm crescimento indeterminado, diferenciando-se em estruturas tubulares que apresentam crescimento intrusivo e podem ou não ser ramificadas. Os laticíferos articulados são formados por fileiras de células que se dispõem em série, podendo suas paredes terminais permanecer íntegras (articulados não anastomosados) ou ser parcial ou totalmente destruídas (articulados anastomosados). O látex pode ter um aspecto leitoso ou ser incolor. Em algumas espécies, como na coroa-de-cristo (Euphorbia sp. – Euphorbiaceae), ocorrem amiloplastos em forma de osso; na seringueira (Hevea brasiliensisEuphorbiaceae; Ficus elasticaMoraceae), há grânulos de borracha; no mamão (Carica papayaCaricaceae), os laticíferos contêm papaína, uma enzima proteolítica. O látex pode ser cáustico em algumas plantas e, em outras, pode acumular substâncias tóxicas, como em espécies da família Solanaceae.

Exercícios

As estruturas secretoras são importantes por garantir a secreção de diferentes produtos para a planta. Podemos classificar as estruturas secretoras em dois grandes grupos: as que secretam substâncias pouco modificadas e aquelas que sintetizam as substâncias que secretam. Entre as que secretam substâncias pouco modificadas podemos citar:

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01

As glândulas de sal são importantes estruturas secretoras. Normalmente, essas estruturas estão presentes em plantas:

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02

Os nectários são estruturas secretoras relacionadas com:

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03

(Olimpíada Brasileira de Biologia) Indique a alternativa que apresenta a associação correta entre a estrutura e o processo envolvidos com a eliminação de água, no estado líquido, pelas plantas:

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04

O látex, obtido da seringueira (Hevea brasiliensis), é muito utilizado na confecção de luvas de borracha cirúrgicas. Mas as funções que o látex desempenha na planta estão relacionadas ao(à):

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